terça-feira, 15 de novembro de 2016

Au coeur de la lune



Antes da chuva,
e inspirada por ela,
uma poetisa constatou
que as emoções descontroladas podem destruir
o caráter moral e o encanto de uma pessoa.
Eis uma daquelas virtudes.

Durante a chuva vem o sono,
mas resisto. Insisto na moral dos números,
na sua precisão orbital.

O que posso dizer ou escrever
enquanto, em silêncio,
mais que os olhos,
com o meu coração,
observo a chuva fina
caindo lá fora?

Mais uma vulgar,
relutante, sucinta
e suspeita pergunta?
Mais uma ainda.

Onde estava ela
tão próxima,
e toda aquela
contida e enluarada
emoção?
Ainda não?

Qual é o meu ponto de equilibrio
sobre a alma planetária deste dia,
ausente da grande Lua,
que  sem a sua apaixonada contemplação sobre nós,
deixaremos para trás?

A esperança  equilibrista
de outras
infinitas luas,
um marco perpétuo
em desafio ao tempo
que sempre haverá.
Mas ainda, por enquanto, não.

Assim, o dia antes do amanhecer
não se estabelecerá sem ela,
pois se o amanhã começar sem um de nós,
no  seu coração, por certo,
não estaremos jamais separados.







quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Tempo findo meu

Mania de viver nos braços,
nos mares sem terra à vista,
sem esconder os olhares
e os lábios em sorriso.

Mania de estar vivo
em mim mesmo
enquanto não percebo o tempo
que me leva adiante, de volta,
sem volta
para o primeiro
mesmo tempo.

Mania de ignorar as horas,
a entropia basculante
que me transporta daqui
para o fim
que ainda não se sabe.

Mania, enfim,
da minha, um dia,
finda, e quase honesta,
humanidade.