Antes da chuva,
e inspirada por ela,
uma poetisa constatou
que as emoções descontroladas podem destruir
o caráter moral e o encanto de uma pessoa.
Eis uma daquelas virtudes.
Durante a chuva vem o sono,
mas resisto. Insisto na moral dos números,
na sua precisão orbital.
O que posso dizer ou escrever
enquanto, em silêncio,
mais que os olhos,
com o meu coração,
observo a chuva fina
caindo lá fora?
Mais uma vulgar,
relutante, sucinta
e suspeita pergunta?
Mais uma ainda.
Onde estava ela
tão próxima,
e toda aquela
contida e enluarada
emoção?
Ainda não?
Qual é o meu ponto de equilibrio
sobre a alma planetária deste dia,
ausente da grande Lua,
que sem a sua apaixonada contemplação sobre nós,
deixaremos para trás?
A esperança equilibrista
de outras
infinitas luas,
um marco perpétuo
em desafio ao tempo
que sempre haverá.
Mas ainda, por enquanto, não.
Assim, o dia antes do amanhecer
não se estabelecerá sem ela,
pois se o amanhã começar sem um de nós,
no seu coração, por certo,
não estaremos jamais separados.