Um anjo
que entra
por mais uma fenda
deste desatento
instável
universo
em verso,
e cai humano
em mim e você,
sem distinções,
de um ou de ambos,
é o que somos.
Como um abraço
que não se desata
nem nesta Terra
branda e branca
quase sem luz
percebe
o que ainda,
só em sonhos,
quase não fomos,
quase não somos.
De certa forma
não há olhares
menos valiosos
onde quer
que seja.
Olhar
de querubim
que somos nós
a nos salvar
de tudo,
do fim dos tempos,
das bombas bandidas,
de todo susto,
de toda surpresa,
das infames e gigantes
distopias.
Nos nossos braços
deste anjo,
sem eu, sem você,
flutuaremos nós
quase seguros.
Quase felizes
quase em silêncio,
para nós mesmos,
nós fomos,
nós somos.
Una, coesa,
intrépida,
imperecível luz,
eternamente,
encantada
e amorosa de nós.