O que amo tanto,
tantas vezes,
assim sem passar,
sem cessar.
Sempre me dá
mais que medo
tanto amor assim
que não sei mais.
E os olhos do céu,
do mar, da face da Terra,
fitam, sem dor, sem temor,
o tempo de todo
esse amor.
Que tempo é esse
que não envelhece
esse imutável
e incessante afeto,
assustador,
eterno ainda
mais e mais
que todo amor.
segunda-feira, 2 de julho de 2018
domingo, 15 de abril de 2018
A morte da alma
Façamos o seguinte.
Dê um passo sobre esta linha
e fuja.
O mundo não irá nos esperar.
Irei para o sentido oposto.
Haverá o sol, sua luz, seu calor
nos dois extremos.
Não há explicação.
Acredite.
Medite em si
nesta jornada
aparentemente
solitária.
Não será o fim,
não virá a morte.
Os pés ficarão
bem apoiados,
sem queimar,
sobre a chama do chão.
Para alguns poucos
corações,
nada padece,
a alma não morre.
A Terra é assim.
Fica então para a
eternidade,
se essa é a boa fé,
o sinal de que
a mente não mente.
Quem germina
impertinente,
a ausência da ausência,
traz tudo,
menos uma dor.
mais uma semente.
sábado, 10 de março de 2018
O sermão das relações
Enfim um encontro,
um confronto (?),
dois ou mais pontos
de reações
e expectativas cativas,
nesse tecido de emoções,
estímulos,
disfarçados olhares,
e quase insensatas perguntas
que ficarão ainda,
mais uma vez,
sem respostas.
Necessária então,
no seu âmago,
a ousada reflexão.
Aquela protetora emoção
que ativa o pensar antes do agir.
Que projeta este,
onde está o outro.
Cuidando assim dos corações
que estão nas pontas.
Um poderoso exercício de acesso
ao diminuto
e soberano filtro
que em nossa alma
sem respostas.
Necessária então,
no seu âmago,
a ousada reflexão.
Aquela protetora emoção
que ativa o pensar antes do agir.
Que projeta este,
onde está o outro.
Cuidando assim dos corações
que estão nas pontas.
Um poderoso exercício de acesso
ao diminuto
e soberano filtro
que em nossa alma
pulsa, soluça, habita.
Necessidade há de passar.
A humanidade em si
lucidará ao iniciar
doce ou amargo
encontro
que ali já não está.
Porque não há mais
uma estrada,
nem uma jornada
mesma, plena e plana.
Trata-se pois de uma escalada,
um desafio impositivo
das mais gigantescas
e assustadoras
montanhas.
Só as escalam
os que estão dispostos
a contemplar
sua essência
até atingir aquela
Necessidade há de passar.
A humanidade em si
lucidará ao iniciar
doce ou amargo
encontro
que ali já não está.
Porque não há mais
uma estrada,
nem uma jornada
mesma, plena e plana.
Trata-se pois de uma escalada,
um desafio impositivo
das mais gigantescas
e assustadoras
montanhas.
Só as escalam
os que estão dispostos
a contemplar
sua essência
até atingir aquela
coisa, frescor
que não lhe pertence
mas sempre estará no cume:
A totalidade, o sonho imenso
que sintetiza
tudo aquilo
de certo, e mais belo
que a imaginação,
de todos
que não lhe pertence
mas sempre estará no cume:
A totalidade, o sonho imenso
que sintetiza
tudo aquilo
de certo, e mais belo
que a imaginação,
de todos
que se entreolham
e se sentem ali
na suposta dor
na suposta dor
e no suposto amor,
já sabe que lá está
já sabe que lá está
e que de lá
domingo, 4 de março de 2018
Sobre a crítica da fé religiosa
Já está assim recorrentemente posto.
Mas, pelo valor da argumentação,
eu argumentaria que:
Importante seria,
na construção do pensamento
e do seu discurso crítico,
que o filósofo considerasse
a possibilidade
de haver uma fé, em si, causal.
É necessário perceber
que poderia haver de fato
pessoas que,
desapegadas da condição
da vida após a morte,
necessitariam exercitar,
francamente e
em liberdade,
a sua fé.
E talvez não fosse
tão surpreendente
perceber pessoas
que nesse exercício
encontrariam, em sã consciência,
paz, harmonia,
satisfação e encantamento...
...enquanto outras,
mesmo que tentassem,
encontriam apenas
conflito, contradição, insatisfação,
dúvidas ou, apenas,
um inexpressivo e infinito
vazio.
Ainda não se saberia
quais seriam as causas
antropológicas, sociais
e culturais,
que resultariam
neste antagonismo aparente:
com e sem fé religiosa.
Mas constataríamos
que as do primeiro tipo
talvez fossem pessoas,
na sua maioria,
apaixonadas pelo céu verdadeiro.
Sensíveis à percepção e ao conhecimento
do Universo cósmico, onde nascem,
evoluem e morrem,
planetas, estrelas, galáxias
e o próprio espaço-tempo.
Assim sendo conscientes testemunhas
da sua inexorável imensidão,
beleza, complexidade e mistério.
Isso eu chamaria de religiosidade.
Algo que me parece,
quando associado
à ética e à estética,
muto mais próximo da arte,
do que da religião.
No mundo retórico
da eloqüência, da lógica,
do pensamento estritamente
idealista e racional,
seriam pessoas, em geral,
silenciosas,
as vezes,
retraídas,
destituidas da arrogância,
quase excluídas.
A não ser pela sinceridade
marcante e apaixonante
do seu sorriso, seu olhar,
sua bondade.
Do seu altruísmo e generosidade,
autênticos e efetivos,
incondicionais,
sem fins lucrativos.
Não tenho dúvidas
que este mundo acabaria
quando pessoas assim
deixassem de existir.
Mas, pelo valor da argumentação,
eu argumentaria que:
Importante seria,
na construção do pensamento
e do seu discurso crítico,
que o filósofo considerasse
a possibilidade
de haver uma fé, em si, causal.
É necessário perceber
que poderia haver de fato
pessoas que,
desapegadas da condição
da vida após a morte,
necessitariam exercitar,
francamente e
em liberdade,
a sua fé.
E talvez não fosse
tão surpreendente
perceber pessoas
que nesse exercício
encontrariam, em sã consciência,
paz, harmonia,
satisfação e encantamento...
...enquanto outras,
mesmo que tentassem,
encontriam apenas
conflito, contradição, insatisfação,
dúvidas ou, apenas,
um inexpressivo e infinito
vazio.
Ainda não se saberia
quais seriam as causas
antropológicas, sociais
e culturais,
que resultariam
neste antagonismo aparente:
com e sem fé religiosa.
Mas constataríamos
que as do primeiro tipo
talvez fossem pessoas,
na sua maioria,
apaixonadas pelo céu verdadeiro.
Sensíveis à percepção e ao conhecimento
do Universo cósmico, onde nascem,
evoluem e morrem,
planetas, estrelas, galáxias
e o próprio espaço-tempo.
Assim sendo conscientes testemunhas
da sua inexorável imensidão,
beleza, complexidade e mistério.
Isso eu chamaria de religiosidade.
Algo que me parece,
quando associado
à ética e à estética,
muto mais próximo da arte,
do que da religião.
No mundo retórico
da eloqüência, da lógica,
do pensamento estritamente
idealista e racional,
seriam pessoas, em geral,
silenciosas,
as vezes,
retraídas,
destituidas da arrogância,
quase excluídas.
A não ser pela sinceridade
marcante e apaixonante
do seu sorriso, seu olhar,
sua bondade.
Do seu altruísmo e generosidade,
autênticos e efetivos,
incondicionais,
sem fins lucrativos.
Não tenho dúvidas
que este mundo acabaria
quando pessoas assim
deixassem de existir.
quarta-feira, 10 de janeiro de 2018
Cimitarra
Teus olhos e o olhar.
Um momento.
Ver o vento naquele espelho
da lâmina do tempo.
Entendo.
Entrevejo tão distante
tua distância raiada.
Minha sina, minha espada,
minha culpa alada.
Teu sabor
ao pudor do sulco
que a linha do golpe deixou.
Dócil dalila
amante
de descomunal
temperança.
Força que suporta o mundo
tão frágil
em gelo,
terça-feira, 2 de janeiro de 2018
Algo como a música?
O que é a consciência primitiva
se não, a capacidade de
perceber a quantidade.
Criamos, assim, os números
e construímos com eles
a representação da nossa realidade.
E é essa invenção,
aparato que se insinua perfeito,
que nos limita
e nos submete
àquilo que a natureza
nos apresenta
como sendo o "tempo".
Como seria a percepção do tempo
sem a existência dos números?
se não, a capacidade de
perceber a quantidade.
Criamos, assim, os números
e construímos com eles
a representação da nossa realidade.
E é essa invenção,
aparato que se insinua perfeito,
que nos limita
e nos submete
àquilo que a natureza
nos apresenta
como sendo o "tempo".
Como seria a percepção do tempo
sem a existência dos números?
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