sexta-feira, 12 de abril de 2019

Pupilles de Feu

Os olhos se abrem
porém, tão belos não sabem 
que não podem
parar de escrever
poemas só de olhares.

Breve!
Se sabe,
que não há nenhum lugar a chegar
para se admirar para sempre. 
Escrever. Pausar. Ficar.
Morrer um pouco.
Eclodir,  apagar-se.

Não!
Se sabe,
que paraíso é apenas uma escolha
que temos que fazer todos os dias,
a cada momento.
Nascer um pouco.
Entreabrir,  cintilar-se.

Sempre.
Se sabe,
que há quem se veja 
fora do lugar 
durante toda a sua vida.

Se há um outro olhar assim
deveras permeiam-se
de uma forma
que nem um outro
olhar em vão 
conseguirá.

Capta-se assim bem lá no fundo,
a ambivalência mutante,
do que há de mais profundo
lá, no inimaginável:

sua queima lenta no tempo.