domingo, 4 de março de 2018

Sobre a crítica da fé religiosa


Já está assim recorrentemente posto.
Mas, pelo valor da argumentação,
eu argumentaria que:

Importante seria,
na construção do pensamento
e do seu discurso crítico,
que o filósofo considerasse 
a possibilidade
de haver uma fé, em si, causal.

É necessário perceber 

que poderia haver de fato
pessoas que,
desapegadas da condição
da vida após a morte,
necessitariam exercitar,
francamente e
em liberdade,
a sua fé.

E talvez não fosse
tão surpreendente
perceber pessoas
que nesse exercício
encontrariam, em sã consciência,
paz, harmonia,
satisfação e encantamento...

...enquanto outras,
mesmo que tentassem,
encontriam apenas
conflito, contradição, insatisfação,
dúvidas ou, apenas,
um inexpressivo e infinito
vazio.

Ainda não se saberia
quais seriam as causas
antropológicas, sociais
e culturais,
que resultariam
neste antagonismo aparente:
com e sem fé religiosa.

Mas constataríamos
que as do primeiro tipo
talvez fossem pessoas,
na sua maioria,
apaixonadas pelo céu verdadeiro.
Sensíveis à percepção e ao conhecimento
do Universo cósmico, onde nascem,
evoluem e morrem,
planetas, estrelas, galáxias
e o próprio espaço-tempo.

Assim sendo conscientes testemunhas
da sua inexorável imensidão,
beleza, complexidade e mistério.

Isso eu chamaria de religiosidade.
Algo que me parece,
quando associado
à ética e à estética,
muto mais próximo da arte,
do que da religião.

No mundo retórico
da eloqüência, da lógica,
do pensamento estritamente
idealista e racional,
seriam pessoas, em geral,
silenciosas,
as vezes,
retraídas,
destituidas da arrogância,
quase excluídas.
A não ser pela sinceridade
marcante e apaixonante
do seu sorriso, seu olhar,
sua bondade.

Do seu altruísmo e generosidade,
autênticos e efetivos,
incondicionais,
sem fins lucrativos.

Não tenho dúvidas
que este mundo acabaria
quando pessoas assim
deixassem de existir.




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