domingo, 30 de julho de 2023

O último segundo



Como será

aquele momento,

sem olhos,

fóton-fenton,

aquele intento?


Não,

talvez o poeta

quando vá não saberá, 

nem padeçará,

de fato, não irá.


Pois detém 

a certeza

de que tudo é

essencialmente

ingênuo, inócuo,

leviano, 

nanoneamente

incerto.


Quase nada

de fato,

na imensidão

de tudo,

se sabe.


E a incerteza

é a única túnica

que tudo veste

que tudo pode, 

podia,

ou não,

não poderia.


Só passar

ou ficar,

ressurgir 

ou não,

como uma eterna luz

além da estelar,

imune

ao veneno 

do tempo.


Só ela pode estar

certa agora,

que o poeta ali, 

incerto, 

quase sem corpo,

é talvez aquele

que nunca, 

inexato,  

errou,


nem nunca acertou,

nem nunca morreu,

nem imaginaria,

que ainda 

nem nunca ficaria.


Faria ou fará 

pragmática diferença

sem a mais pura 

e desumana

pacata intenção?


Que felicidade 

desmedida 

seria passar e,

de certa forma,

entre seu 

último átomo 

e a sua luz,

se perceber ainda.









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